André de Resende

29-10-2012 09:44

 Nasceu (1500-1579 ) em Évora e era filho de Pero Vaz de Resende e de Ângela Leonor de Góis, ficou órfão de pai muito cedo, ingressando aos dez anos de idade no convento de São Domingues de Évora.

  Foi um grande poeta e frade dominicano intelectual especialista da Grécia e da Roma antiga e um grande pensador humanista português.

  Em 1533, sabemo-lo de novo em Portugal, no convento de São Domingos em Évora, sendo então convidado para mestre do infante D. Duarte, o que aceitou, transferindo-se por essa altura da ordem dominicana para a situação de clérigo secular. Regia, simultaneamente, a cadeira de humanidades na Universidade de Lisboa, passando a leccionar, em 1537, na de Coimbra.

  André de Resende foi, provavelmente, o pioneiro na arqueologia em Portugal, à qual se dedicou com zelo, devendo-se-lhe o primeiro estudo dos monumentos epigráficos da época romana em Portugal.

  Provavelmente em 1530, frequenta a universidade de Paris, onde, segundo o seu próprio testemunho, cursa as aulas de grego, regidas por Nicolau Clenardo, que tinha em Lovaina e a quem havia de ir buscar a Salamanca, em Novembro de 1533,por incumbência de D. João II, para perceptor do infante D. Henrique, o futuro cardeal-rei.

Teve uma profunda acção como ideólogo do Renascimento e como pedagogo divulgador dos estudos latinos e gregos, havendo deixado uma vasta produção literária, composta em latim e português. E 1531 passa a residir em casa do embaixador português da corte de D. Carlos V em Bruxelas, D. Pedro Mascarenhas, entretanto assim no séquito do diplomata. Mas se já então os novos deveres cortesãos obrigam Resende à memória histórico-patriótica e ao poema de circunstância, como foi o Genethliacom Principis Lusitani, composto para celebrar o nascimento do infante D.Manuel, filho de D.joão III e D. Catarina.

O seu itinerário coincide com o do embaixador, que ele acompanha por toda a parte. Em 1533 regressa definitivamente ao Reino, indo acolher-se ao seu convento de Évora e, depois, em casa própria onde regia uma escola pública que voluntariamente encerrou em 1555 quando o ensino foi entregue aos Jesuítas tendo então recolhido novamente ao seu Convento. Começa então o ciclo da sua actividade intelectual em Portugal. É a instâncias suas que Clenardo e Vaseu vêm reger em Portugal: o primeiro em Évora, em 1533, e o segundo no estudo de Braga, em 1538. Vivamente interessado pela arqueologia romana, foi o primeiro a interessar-se pelos restos e antiqualhas encontradas, mas não o move ainda o espírito científico, não hesitando em falsificar inscrições epigráficas. Em vernáculo legou mais dois opúsculos históricos: A Santa Vida e Religiosa Conversação de Frei Pedro e a vida do Infante D. Duarte, que ficou inédita até 1789, data em que por incumbência da Academia das Ciências de Lisboa, a publicou o abade José Correia da Serra.